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O valor da mediunidade

O VALOR DA MEDIUNIDADE




Para que os irmãos reflitam sobre o valor da mediunidade, vou relatar uma história acontecida nos planos espiritual e material, respectivamente.

Joaquim, um espírito recém-desencarnado, cuja vida na Terra havia sido péssima, fez um requerimento aos menores espirituais de planos elevados, rogando desesperadamente nova oportunidade para resgatar as dívidas contraídas na extinta existência corpórea. Era tão grande seu arrependimento e tanto o torturava a própria consciência que, ao pedido feito, suplicava novo corpo físico, em qualquer situação, qualquer tipo de existência, por pior que fosse: poderia vir como louco, cego, aleijado, mudo, idiota, canceroso, leproso, morfético, fosse o que fosse, pouco lhe importaria. Submeter-se-ia com resignação, mas desejava encarnar-se de novo e para isso suplicava de joelhos. Levado seu pedido ao Alto, Deus, em sua infinita misericórdia, avaliou seus rogos, seu desejo, e atendeu-o: Dar-lhe-ia oportunidade para reencarnar-se, porém, dizia a permissão, o filho pedinte não necessitaria vir à Terra com defeito físico, doenças ou perturbações mentais. Apenas uma condição era-lhe imposta: nascesse, na Terra, como homem normal, mas viria como médium e comprometer-se-ia a prestar a caridade quatro horas por semana, durante trinta anos, ou seja, dos vinte até à idade de cinquenta anos. Feito isso, sua dívida estaria saldada. Aceitou, é claro, chorando de alegria. E reencarnou-se.

Até os vinte anos de idade, tudo foi normal. Daí em diante desabrochou-lhe a mediunidade. Passou então a frequentar um templo espírita, trabalhando duas horas na terça-feira e duas no sábado. Assim foi levado placidamente sua existência e até casou

Voltemos agora ao plano espiritual.

Quarenta anos depois do nascimento de Joaquim, os mentores espirituais depararam um outro irmão necessitado de socorros urgentes. Para tanto, tinham de recorrer a um médium na Terra, que fornecesse fluidos materiais para sintonizar com a vibração grosseira daquele espírito em desespero, a fim de ser aliviado nos sofrimentos morais, após a necessária doutrinação. Um dos mentores, então, se lembrou do Joaquim, o irmão que fizera o requerimento pedindo para encarnar-se nas piores condições possíveis, mas que, por bondade de Deus, apenas lhe fora imposta a faculdade mediúnica com a finalidade de ressarcir males semeados. Sim, o Joaquim era a pessoa indicada, porque deveria estar em plena atividade, já fortalecido em seu dom e ser-lhes-ia útil naquela emergência. Consultada sua ficha cármica comprovaram o fato. Daí, resolveram conduzir aquela alma sofredora até o médium, para que, com sua mediunidade de incorporação, ajudasse o irmão aflito. E levaram-no até o centro, onde o médium compromissado deveria estar atuando, pois era um sábado, dia de sessão.

Chegando ao centro, os mentores viram outros médiuns, menos o Joaquim... Um deles disse apreensivo: “Talvez esteja doente... vamos até sua residência e apliquemos-lhe passes magnéticos para revitalizá-lo, neutralizando algum mal-estar de que porventura tenha sido acometido”. Verificada a ficha do centro, anotaram-lhe o endereço, para lá rumando. Antes, porém, deixaram o espírito angustiado entregue a outros médiuns daquele templo. Ao chegarem ao lar do Joaquim, encontraram-no. Lá estava ele deitado em uma rede, ocioso e indiferente, tomando uma cerveja. Surpresos, os monitores ainda ouviram a esposa do médium irresponsável perguntar-lhe por que não fora ao centro, pois era dia de sessão. O marido respondeu que fazia a atender irmãos que compareciam ao centro para aborrecê-lo...

Um dos mentores observou: “Não foi este que pediu para reencarnar-se como louco, cego, mudo, aleijado, idiota, leproso, canceroso, morfético ou o que merecesse, desde que lhe fosse permitido reencarnar-se em novo corpo físico?!... E Deus, na sua infinita benevolência, tão somente lhe impôs servir como médium, trabalhando quatro horas por semana, dos vinte aos cinquenta anos de idade... e só isso?!... Ele está agora com apenas quarenta anos de vida terrena!”. “É verdade”, afirmou o outro e ambos tristes, compadecidos do irmão, se retiraram.

Adivinhem o que irá acontecer ao Joaquim, quando novamente regressar ao mundo dos espíritos...

Aí está, meus irmãos, a responsabilidade do médium. Reflitam e muito cuidado para não incidirem no mesmo erro do Joaquim.


Referência: Orphanake, J.Edson, Conheça a Umbanda, Tríade Editorial, 1989 São Paulo - SP


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